Indústria de autopeças ainda registra ociosidade

O corte do IPI para carros – de metade até a totalidade da alíquota – foi considerado como um alento para a indústria

O corte do IPI para carros – de metade até a totalidade da alíquota – foi considerado como um alento para a indústria

Apesar do aumento das vendas de carros nos últimos dias, representantes de grandes sistemistas de autopeças – que abastecem as montadoras – disseram hoje que a indústria de componentes automotivos segue apresentando índices de ociosidade e ainda não sente os reflexos do corte de IPI para veículos, lançado pelo governo no mês passado.

Como as montadoras mantêm foco na redução dos estoques – que chegaram ao nível mais crítico desde a crise financeira de 2008 -, o aumento de demanda não trouxe, até o momento, grande aquecimento da produção, o que tem limitado o consumo de peças, avaliaram executivos da Magneti Marelli, Delphi e Bosch durante simpósio sobre manufatura automotiva promovido pela SAE Brasil, em São Paulo.

“Até junho, não percebemos um grande aumento de demanda, provavelmente por conta dos estoques”, afirmou Celso Manfrin, gerente de produtividade da Magneti Marelli. Existe a expectativa de que a demanda comece a melhorar a partir do mês que vem.

O corte do IPI para carros – de metade até a totalidade da alíquota – foi considerado como um alento para a indústria, capaz de estimular o setor e levá-lo a repetir os volumes recordes registrados no ano passado. Desde a medida, que ainda foi acompanhada por iniciativas para destravar o crédito, a média diária de emplacamentos subiu de um ritmo de 13 mil para mais de 16 mil carros.

Durante o encontro, os executivos avaliaram também que a política do governo de induzir o uso de peças nacionais – um dos pilares do novo regime automotivo – ainda não gerou grandes negócios. Luiz Paulo Reali, diretor adjunto de manufatura de powertrain da Delphi, disse que não tem observado uma demanda adicional por parte das grandes montadoras, que já estariam preparadas para atender às exigências de conteúdo local do governo.

Por outro lado, ele lembrou que as chinesas JAC e Chery começaram a prospectar fornecedores para as fábricas que estão erguendo no Brasil. Manfrin lembrou que a necessidade de desenvolver fornecedores locais depende da linha produtos, sendo maior em segmentos onde grande parte dos componentes é importada, caso dos eletrônicos.

Apesar do momento delicado da indústria, os fornecedores das montadoras disseram que não suspenderam os programas de investimento e estão dispostos a avançar na nacionalização dos componentes. “Temos sete divisões com diferentes índices de conteúdo local. Se for necessário e as montadoras precisarem, estamos dispostos a aumentar o conteúdo local”, afirmou Carlos Gallani, presidente da divisão eletrônica da Bosch na América Latina.

Canal do Transporte

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