Indústria brasileira de autopeças perde capacidade de exportar

    A indústria brasileira de autopeças vive um momento paradoxal. Ao mesmo tempo em que a desvalorização cambial do real aumentou a competitividade internacional dos produtos brasileiros, ampliando as oportunidades de exportações, a maioria das empresas do setor perdeu capacidade de exportar. Com a profunda queda do mercado nacional, muitas fabricantes fecharam ou enfrentam graves problemas financeiros, assim não tiveram recursos para investir em produtos exportáveis.

    “Alguns clientes mais que dobraram as exportações no ano passado, mas caiu o número daqueles que têm condições para isso. Já atendemos 12 fabricantes de autopeças, hoje são quatro”, atesta Camilla França, sócia-diretora da BFX Brazil. Segundo ela, as vendas externas das empresas que representa estão concentradas 100% no mercado de reposição de países da América do Sul.

    Levantamento do Sindipeças sobre o movimento de comércio exterior de autopeças é revelador quanto à situação de fadiga do setor no Brasil. Mesmo depois de o real acumular desvalorização diante do dólar superior a 40% desde 2014, as exportações de componentes vêm caindo ano a ano, à razão de US$ 1 bilhão por ano.

    Em 2016, as vendas externas de peças somaram US$ 6,5 bilhões, em queda de 13,6% sobre 2015, depois do declínio de 9,4% um ano antes e retração de 15,4% em 2014 ante 2013.

    A recente onda de valorização do real já começa a fazer efeito negativo para os clientes da BFX. “É muito difícil fazer qualquer tipo de reajuste de preços”, destaca Camilla. “Existe incentivo para exportar no momento, a taxa em torno de R$ 3 por dólar é melhor do que alguns anos atrás, mas apenas iguala o produto brasileiro ao chinês. Seria ideal [a taxa] mais próxima de R$ 4”, avalia.

    Mercado Promissor

    Apesar das dificuldades, a expectativa é de que as exportações brasileiras de autopeças voltem a crescer pela primeira vez em cinco anos. O Sindipeças projeta expansão de 6% nas vendas externas do setor este ano em comparação com 2016, estimando faturamento de quase US$ 7 bilhões. Basicamente, quem conseguiu sobreviver poderá fechar mais negócios no exterior em 2017.

    Fonte: Automotive Business

    Compartilhe nas redes sociais

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Por favor, entre com seu comentário
    Por favor, entre com seu Nome aqui!