Brasil precisa exportar veículos para além da América Latina

    As montadoras e o governo brasileiro precisam parar de ter nos países da América Latina o único canal de exportação de veículos. O alerta é de Rodrigo Custódio, diretor da Roland Berger, que participou do Fórum da Qualidade Automotiva promovido pelo IQA na segunda-feira, 19, em São Paulo (SP). Para o consultor, o país só terá volume importante de vendas externas quando olhar para o mercado global. “Participação de 1% nas vendas fora do continente já representaria volume anual de 800 mil unidades”, estima.

    Ele destacou que a exportação de 500 mil veículos projetada para este ano pela Anfavea é expressiva se considerado o tamanho do mercado que a produção nacional atende. “Estamos falando de uma demanda total de 3 milhões de unidades por ano na América Latina fora do Brasil. Respondemos por 20% deste total, o que é uma participação muito boa. Devemos continuar investindo aqui, mas o mundo é muito maior do que isso”, enfatiza.

    Custódio reforça que as montadoras locais têm se limitado às 6 milhões de unidades da região – em momentos em que o mercado nacional estava maior – enquanto a demanda global chega a 90 milhões de veículos por ano. Antonio Megale, presidente da Anfavea, reforçou em sua apresentação que o Brasil segue empenhado em firmar ou renegociar acordos automotivos. Exemplos recentes foram os novos termos acordados com Colômbia e Uruguai, ainda que limitados à América Latina. O dirigente destaca, no entanto, potencial de a indústria brasileira atender a demanda de países da África e do Oriente Médio.

    Custódio concorda que todas as oportunidades devem ser aproveitadas, mas avalia que o avanço das exportações nacionais só será consistente quando estiver apoiado em mercados menos pulverizados. “As melhores oportunidades estão na Europa, mas, para ter acesso a algumas regiões, o Brasil terá de abrir mão da proteção ao mercado interno. A competição global vai gerar escala e competitividade à indústria local”, resume.

    Megale destaca que este é o ponto de virada para a indústria, o momento de desenhar as políticas e medidas que farão diferença no futuro. “Precisamos decidir se vamos competir no mercado nacional de 3 milhões de veículos ou no global, de 90 milhões de unidades”.

    Recuperação da indústria

    Custódio estima que a recuperação dos volumes da indústria nacional só virá da combinação entre vendas externas e melhora das condições do mercado local. Com a lenta melhora do crescimento econômico estimado para os próximos anos, ele estima que as vendas internas possam alcançar novamente os 3 milhões de veículos em 2020. Ainda assim, o consultor reforça a necessidade de adotar medidas para tornar a demanda mais perene, sem ações pontuais que criem bolhas.

    Uma das oportunidades para isso, diz Custódio, está nos financiamentos. “O Leasing é uma modalidade subutilizada no Brasil, com cerca de 3% de participação. Nos mercados desenvolvidos esse número chega a 30%”. Outra iniciativa, diz ele, é o desenho de uma política de renovação da frota, o chamado Programa de Sustentabilidade Veicular. “Isso criaria uma demanda perene”, acredita. Glaucío Geara, vice-presidente da Fenabrave, que também participou do Fórum da Qualidade, aponta que a iniciativa poderia gerar renovação de 500 mil veículos por ano, entre leves, pesados e motocicletas. Volume nada desprezível diante do mercado atual.

    Fonte: Automotive Business

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